separação do joio do trigoo que é e quando terá início
por Nathan Barile Neves
físico e cabalista Resende/RJ.
E-mail: nabane@gmail.com
Outro dia mesmo, um aluno de Cabala, perguntou-me quando teria início a separação do joio do trigo. Para responder a essa pergunta, tive de recorrer a antigos ensinamentos cabalísticos, aliás tão bem comentados pelo Rav Berg.
Devemos entender que a Cabala não pergunta o “como as coisas acontecem” e sim “qual a razão das coisas acontecerem”. Essa é a regra e é claro que exceções existem.
O primeiro milênio ocorreu, de acordo com o calendário bíblico, há quase 6000 anos. O ano 2000 de nosso calendário equivale ao ano judaico de 5760.
Conforme a Cabala ensina, existem 400 pacotes de energia caótica ou espírito da impureza (Tumá). Sabemos ainda que para a eliminação do espírito da impureza são necessários 40 S'ah (medida de volume que seria capaz de conter 144 ovos e que é capaz de eliminar 10 pacotes de energia negativa). Sendo assim, quarenta S'ah equivalem a 5760 ovos. A Sitrei Torá (Cabala Oculta תּוֹרָה), nos dá o caminho para o número 144.000 que a Bíblia tanto fala, pois cada milênio é realmente um evento cósmico de grande importância.
Dos quatro elementos básicos de nossa constituição (Ar,Terra,Fogo e Água), desde a ruptura do Receptor que deu origem ao chamado Big-Bang, a água (emanação da Luz materializada) é, sem dúvida, o elemento fundamental de purificação. Não pelo fato de que a água é o constituinte básico de toda massa viva (70% em média), mas pelo simples fato que a energia-inteligência da água é a única capaz de remover o espírito da impureza (e não somente a impureza , para que possamos estar livres do seu retorno). Por isso os banhos (mikve) de imersão total, eram sempre praticados nos batismos, pois nem só uma pontinha do fio de cabelo deveria estar fora da abrangência do poder de purificação da água.
Mas, voltando ao nosso raciocínio, devemos considerar o livro de Daniel em seu capítulo final e em especial os últimos versículos, pois se somarmos aqueles números e interpretarmos as Escrituras de maneira correta e considerarmos o ano de 5760 como o ano 2000 do calendário Gregoriano, chegaremos ao 11 de setembro de 2001, onde a alusão à grande Torre (babilônica) mostra-nos a sua queda e o início do processo de remoção de Tumá. Está escrito:..."e Removerei da Terra todo o espírito da impureza...". Portanto naquela data o processo se iniciou e a recente tsunami, na Indonésia, poderia ser comparada à besta que emerge do mar.
Caros amigos, a letra YUD, para os antigos cabalistas era comparado o seu formato a um ovo e as letras que compõem sua forma de soletrar (d w y), tem valor 144, lembrando que cada letra hebraica tem um valor numérico. Logo, concluímos que a letra Yud e a medida S'ah estão dotadas da energia-inteligência com valor 144. Assim, compreendemos que a letra Yud e a medida S'ah podem eliminar 10 grupos de pacotes de energia negativa ou caótica. Então, os 40 S'ah, eliminam do indivíduo 400 grupos de Tumá. Aí está o segredo dos quatrocentos homens de Esaú (Jacó, irmão de Esaú, procurou aplacar a ira de Esaú e seus 400 homens, que representam tumá).
Durante o Concílio de Nicéia, no século IV (no ano 325), a Bíblia sofreu profundas transformações e textos preciosos foram extirpados em função de Constantino e seus fiéis. Na busca pela verdade, os cientistas como, por exemplo, Einstein, Newton e os pensadores, Platão e Jung, buscaram nos textos cabalísticos respostas para suas dúvidas, tais textos inundam de luz questões polêmicas no ramo da física, medicina, astronomia, estando incrivelmente atuais. Daí, então, a Cabala vislumbra e adota a possibilidade de interpretar a Bíblia de maneira não literal, pois erros de julgamento e entendimento tornam-se tônica ao procedermos de maneira tão ingênua.
O texto bíblico permite quatro níveis de interpretação e são eles: Pshat, que é o sentido literal; Remez, que é o sentido alegórico; Drash, que é o ensinamento através do procedimento e, finalmente, Sod, que significa Segredo (que seria a alma da Torá). A torá é um grande código secreto, pesquisado inclusive por cientistas e escritores (vide o livro “O Código da Bíblia”) e interessante seria assinalar que as iniciais dos quatro níveis de interpretação formam a palavra PaRDes, que significa Pomar ou Paraíso.
A Cabala, portanto, se ocupa muito da parte secreta e oculta das Escrituras, e consegue estabelecer perfeita harmonia entre Ciência e Religião, além de explicar até mesmo conceitos atuais da Física Quântica, modernas teorias científicas e estabelecer interpretações sobre o destino da humanidade.
O grande mistério da separação do joio do trigo é que passamos a entender que o ano de 2000 (5760 no calendário judaico) deu início ao cumprimento do versículo que fala sobre a eliminação na terra, do espírito da impureza, conforme se interpreta no Livro do Esplendor (Zohar): “Eu livrarei a terra dos animais perigosos”...
Se pararmos para refletir sobre As Profecias Maias, O Evangelho dos Essênios ou, até mesmo, sobre o Evangelho apócrifo de Simão - O Cirineu, veremos que as doenças, a revolta da natureza e o caos em nosso planeta, foram gerados por massas críticas produzidas pelo homem em seu obcecado caminho de fazer prevalecer o Desejo de Receber Somente para Si Mesmo ao invés da busca pela transmutação do Desejo de Receber Somente para Compartilhar.
As conseqüências são drásticas para todos, pois todos sempre estiveram interconectados e ainda assim, até nos dias de hoje, “a ficha não caiu”. Ou o homem busca a evolução espiritual ou sofrerá as conseqüências da dor e sofrimento, que é imprescindível para eliminação do ego. Quando o nosso ego não prevalece, ficamos preenchidos da Luz do Criador transformando-nos em ferramentas de plenitude fazendo com que percebamos que as nossas ações materiais proativas provocam reações na esfera espiritual, beneficiando toda a humanidade.
Muitos, porém, pensam que não acontece nada aos reativos e que aqueles que “levam vantagem em tudo” ficam, aparentemente, sempre impunes. Devemos considerar um elucidativo texto escrito pelo cabalista Michael Berg : “As leis da ação e reação são universais e as mesmas em nosso planeta e nos planos superiores”. Então porque, aqueles que burlam as leis e o direito dos outros quase nunca sofrem as conseqüências imediatas por terem cometido tais ações?
A resposta para tal paradoxo é que o Senhor dos Exércitos, em Sua infinita bondade, diferenciou o fator tempo nas leis de causa e efeito no mundo físico e no mundo espiritual, para que todos nós tivéssemos oportunidades de evolução através da nossa correção (tikun).
“Se vivêssemos num mundo onde os efeitos da ação negativa se manifestassem imediatamente, o elemento escolha desapareceria de nossas vidas. Com respeito às leis espirituais, a correlação entre causa e efeito está oculta para preservar nosso poder de escolha”, diz Michael Berg.
Quero dizer que se você salta do alto de um prédio, irá se esborrachar em alguns segundos. A reação à sua ação foi imediata. Já no contexto espiritual, se nós fazemos mal a alguém através de ações ou pensamentos, a reação (punição produzida por nós mesmos) poderá ocorrer hoje, amanhã, daqui um ano, dez anos ou em outra encarnação. O mesmo acontece se fizermos uma boa ação. A “recompensa” virá em época não sabida. Isto acontece para que o livre-arbítrio possa ocorrer, ou seja, se a ação e reação fossem imediatas como nas leis da física, todas as pessoas só fariam boas ações com o objetivo de receberem a “recompensa” imediatamente e todas essas mesmas pessoas jamais fariam o mal a alguém, pois receberiam imediatamente o “castigo”. Portanto, os homens não teriam o direito de escolha, não teriam o livre-arbítrio, pois todos só iriam se comportar de uma única maneira, sem direito algum às suas próprias escolhas e o mundo caminharia sempre em um único sentido possível e previsível, destruindo a possibilidade de evolução da raça humana. Este acontecimento inibiria a Dualidade e as múltiplas facetas do nosso Universo.
Para finalizar, gostaria de dizer que o homem tem a seu dispor vários futuros possíveis, dependendo, apenas, de que a massa crítica, oriunda das ações e pensamentos da humanidade, tenda para um dos lados do livre-arbítrio: proatividade ou reatividade. Praticar a proatividade significa agir sem culpar a ninguém por nossos problemas, buscando a evolução espiritual sem reagir a fatores externos. Já na reatividade, agimos obedecendo aos instintos dos nossos limitados cinco sentidos, trazendo sentimentos de insatisfação e vazio às nossas vidas. Devemos refletir sobre o fato de que o Criador nos dá sempre o direito de escolha e que as profecias apocalípticas são visões de um futuro arquitetado e construído por nossas ações de desamor, falta de Fé, desinteresse pelo conhecimento e ganância. Errar faz parte de nossas vidas, porém, se tivermos a intenção de reconhecer e corrigir tais erros tendo a consciência de que cada problema é uma lição e uma oportunidade de aprendizado, teremos, então, um grande antídoto para todos os males que nos afligem, afinal, o nosso maior inimigo é a nossa própria reatividade diante dos problemas e não o problema em si. Podemos melhorar sempre procurando trazer luz para as nossas vidas e compartilhando com nossos semelhantes, pois é impossível amar a D'us sem amar o nosso próximo.
Fonte: grupo de estudos de transição planetária Cinturão de Fótons_18.03.2006