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" Você esta aqui para possibilitar que o propósito divino do universo se revele.

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Eckhart Tolle


Arrisque... o risco é a unica maneira de você saber se está "realmente" Vivo!!!

Zoia Petrow








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a beleza da individualidade humana...

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a individualidade humana


Rudolf Steiner 
im filosofia da liberdade


Os filósofos acreditam que o problema principal em relação às representações mentais reside no ato de que nós não somos idênticos com os objetos exteriores, e que ainda assim as nossas representações devem ter um aspecto correspondente a eles. Olhando mais de perto, porém, fica evidente que essa dificuldade, em verdade, não existe. Com efeito, não somos as coisas externas, mas pertencemos, juntamente com elas, ao mesmo mundo: o meu sujeito é uma parte do mundo e é permeado por seu constante devir. Para o meu perceber, estou inicialmente confinado aos limites da derme do meu corpo, mas o que está dentro dessa derme pertence ao universo como um todo.
Para que exista uma relação entre o meu organismo e um objeto fora dele, não é necessário que alguma parte do objeto me penetre e cause uma impressão em minha mente, como um sinete na cera. A pergunta como obtenho informações sobre a árvore que se encontra a dez passos de distância? é totalmente mal colocada. Ela provém da opinião de que os meus limites corpóreos constituem uma cisão absoluta e que as notícias sobre as coisas precisam atravessar essa fronteira e migrar para dentro de mim. As forças que atuam dentro da minha derme corpórea são as mesmas que existem fora. Portanto, sou realmente as coisas, porém não eu enquanto sujeito da percepção, mas eu enquanto parte do devir geral do mundo. a percepção da árvore e o meu eu pertencem ao mesmo todo. esse devir geral do mundo suscita lá a percepção da árvore e aqui a percepção do meu eu. Se eu não fosse cognitor do mundo e sim o seu criador, então objeto e sujeito (percepção e eu) surgiriam no mesmo ato, visto que se condicionam mutuamente. Como cognitor do mundo, só posso encontrar o elo entre essas partes através do pensar, que as correlaciona por meio do conceito.
A dificuldade maior será eliminar as chamadas provas fisiológicas da subjetividade da percepção. Quando exerço uma pressão sobre a derme do meu corpo, então a percebo como sensaçao de pressão (tato). A mesma pressão posso perceber através do olho como luz, através do ouvido como tom. Um choque elétrico percebo mediante o olho como luz, pelo ouvido como tom, através dos nervos da pele como impacto e através do órgão de olfato como cheiro de fósforo. o que segue desse fato? só isso: percebo um choque elétrico (e respectivamente uma pressão) e em seguida uma qualidade luminosa ou um tom ou também um certo cheiro, etc. Sem a existência do olho, não se juntaria à percepção do impacto mecânico no ambiente a percepção de uma qualidade luminosa; sem a presença de um órgão auditivo, a percepção auditiva, etc. 
Com que direito se pode afirmar que sem órgão perceptivo todo o processo não existiria? Quem deduz, do fato de que um processo elétrico evoca luz no olho, que a luz é apenas um processo mecânico de movimento fora do nosso organismo, esquece que somente está passando de uma percepção para outra e de jeito nenhum está passando para algo fora do âmbito da percepção. Da mesma maneira como se pode dizer: o olho percebe um processo mecânico em seu ambiente como luz, assim também se pode afirmar: uma modificação ordenada de um objeto é percebida por nós como processo de movimento. Se eu pintar num disco doze vezes um cavalo nas diferentes posições que seu corpo adota quando está a galope, então poderei suscitar, através da rotação do disco, a ilusão de movimento. Apenas preciso olhar através de um orifício as diferentes posições do cavalo, respeitando os respectivos intervalos. Não vejo doze imagens do cavalo, e sim a imagem do cavalo galopando.
O mencionado fato fisiológico não pode, portanto, esclarecer a relação entre percepção e representação. Precisamos nos orientar de outra maneira. No momento em que surge uma percepção no horizonte da observação, aciona-se através de mim também o pensar. Um membro do meu sistema de pensamentos, uma determinada intuição, um conceito associa-se à percepção. Quando a percepção mais tarde desaparece do horizonte da minha vista, o que sobra? Minha intuição associada às percepções dadas pelo meu ato de perceber.
O grau de vivacidade com que conseguirei mais tarde tornar presente de novo essa relação, depende da maneira como funciona minha organização mental e corporal. A representação, contudo, nada mais é senão uma intuição relacionada a uma determinada percepção, ou seja, um conceito, que já esteve ligado a uma percepção e que depois conservou tal relação. Meu conceito de leão não tem a sua origem nas percepções de leões. Mas certamente minha representação mental do leão é formada com base na percepção. Posso ensinar, a alguém que nunca viu um leão, o conceito de leão. Ensinar-lhe uma representação viva não conseguirei sem que recorra à sua própria percepção.
A representação mental é, portanto, um conceito individualizado. E assim se nos torna compreensível por que as coisas reais podem ser representadas através de representações. A realidade completa de uma coisa resulta para nós da confluência de conceito e percepção no momento da observação. O conceito universal adquire, no contato com a percepção, uma forma individual, uma referência a uma percepção particular. nessa forma individual, que conserva em si a referência à percepção como peculiaridade, ele passa a viver em nós, constituindo a representação do objeto observado. quando nos deparamos com outro objeto similar, então o identificamos como pertencente ao mesmo gênero; e, quando observamos o mesmo objeto de novo, não encontramos apenas em nosso sistema conceitual o conceito universal correspondente, mas o conceito individualizado com uma referência específica ao mesmo objeto, isto é, a sua representação e, por isso, conseguimos reconhecer o objeto.
A representação mental se situa, portanto, entre percepção e conceito. ela é o conceito com uma determinada referência àpercepção. À soma daquilo sobre o qual posso formar representações posso chamar de minha experiência. terá uma experiência mais rica aquele que dispuser de um número maior de conceitos individualizados.
Uma pessoa sem qualquer faculdade de intuicão conceitual não é capaz de adquirir experiência. Perde os objetos do seu horizonte, dado à falta de conceitos para estruturar os objetos. Uma pessoa com capacidade de pensar bem desenvolvida mas dotada de uma capacidade perceptiva atrofiada, em virtude da falta de sensibilidade, tampouco poderá se tornar experiente. Ela adquirirá de uma ou outra maneira conceitos, mas estes carecerão de vivacidade por falta do contato com percepções concretas. Tanto o viajante distraído quanto o erudito mergulhado em sistemas abstratos de pensamentos são incapazes de adquirir uma rica experiência. A realidade se nos revela por meio da percepção e do conceito. A manifestação da realidade no sujeito é a representação mental.
Se a personalidade humana se articulasse apenas na dimensão cognitiva, então tudo que nos é objetivamente dado se resolveria em percepção, conceito e representação mental. Não nos basta, porém, relacionar percepções e conceitos por meio do pensar. Relacionamos o que percebemos também ao nosso sujeito particular, ao nosso eu individual. A expressão dessa referência individual é o sentimento, que se manifesta como prazer e desprazer.
Pensar e sentir correspondem à natureza duálica de nossa entidade, já mencionada anteriormente. O pensar é o elemento através do qual participamos do universo geral; o sentir é o meio pelo qual nos retraímos em nosso mundo próprio. Nosso pensar nos une ao mundo, nosso sentir nos reconduz a nós próprios, fazendo de nós um ser individual.
Se fôssemos apenas seres pensantes e dotados de percepção, a nossa vida transcorreria numa indiferença total. Se apenas nos reconhecessemos como eu, nosso eu nos seria completamente indiferente. Apenas porque, além de reconhecer a nós mesmos, sentimos também o nosso ser, somos entes individuais, cuja existência não se esgota em estabelecer relações conceituais entre as coisas, mas possui também um valor particular em si mesma.
Alguém poderia achar que o sentimento é um elemento mais rico e saturado de realidade que a abordagem pensante das coisas. É preciso replicar, no entanto, que o sentimento tem essa riqueza maior só para o meu indivíduo. Dentro do universo como um todo, o meu sentimento somente terá valor quando o que dele percebo na autopercepção, é integrado mediante um conceito ao cosmo.
Nossa vida é uma constante oscilação entre a convivência com o devir universal e o nosso ser individual. Quanto mais ascendemos à natureza universal do pensar, em que o que é individual só interessa como exemplo do conceito geral, tanto mais se perde em nós o caráter do ser especial, da personalidade determinada e particular. E quanto mais descemos às profundezas de nossa vida pessoal, vibrando em sentimentos com as coisas externas, tanto mais nos separamos do ser universal.
Uma verdadeira individualidade será aquela que com seus sentimentos se elevará o máximo possível à região das idéias. Existem pessoas cujas idéias mais gerais ainda apresentam aquele timbre especial que mostra que são a expressão de uma personalidade. Existem outras cujos conceitos são tão desprovidos de um timbre peculiar, que parecem ser de alguém sem vida própria.

O representar já confere à nossa vida conceitual um cunho individual. Cada pessoa tem o seu ponto de vista a partir do qual contempla o mundo.  As suas percepções se associam seus conceitos. Pensará de uma maneira particular os conceitos universais. Essa especificação do nosso ser é o resultado de nossa localização na vida, a saber, do horizonte de percepção que o lugar no qual vivemos nos oferece. A essa especificação se junta uma outra, dependente de nossa organização particular. Nossa organização é, com efeito, uma singularidade especial e bem determinada. cada pessoa relaciona sentimentos, diferentes em qualidade e intensidade, com as suas percepções.  Eis o fator individual da nossa personalidade particular. É o que sobra após termos contabilizado todas as determinações do palco de nossa vida. Uma vida sentimental esvaziada de pensamentos perderia aos poucos toda a relação com o mundo. O desenvolvimento da vida cognitiva ocorrerá no homem em busca da personalidade equilibrada, juntamente com a formação e o desenvolvimento da vida dos sentimentos. O sentimento é o meio pelo qual o conceito obtém inicialmente vida concreta.

 


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Cristo Cósmico em mim reverência Cristo Cósmico em Ti.

Foto Manuel Lücht
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