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" Você esta aqui para possibilitar que o propósito divino do universo se revele.

Veja como você é importante! "

Eckhart Tolle


Arrisque... o risco é a unica maneira de você saber se está "realmente" Vivo!!!

Zoia Petrow








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continuando... reflexões sobre a felicidade - III

FotoImagem Manu Lücht & Zoia Petrow _ all rights reserved
“Sabeis que minha vida é uma oblação, alegre e conscientemente oferecida, sem esperança egoísta de recompensa, ao Poder que está acima da Vida”
III - os eixos teóricos da felicidade

A resposta dos fatos


2 – Solução detalhada: os três tempos da personalização

No mundo, a Vida se eleva no sentido de sempre mais consciência, para sempre mais e maior complexidade, como se a complexidade crescente dos organismos tivesse por efeito, aprofundar o centro de seu ser.
Ora, como se opera, de fato e em detalhe, essa marcha em direção à mais alta unidade?
Para maior clareza, e simplicidade, limitemo-nos ao caso do Homem
– O Homem, o mais elevado psiquicamente e, para nós, o mais conhecido também de todos os seres vivos. Três fases, três passos, três movimentos sucessivos e conjugados são reconhecíveis, a um exame, no “processus” de nossa unificação interior, isto é, de nossa personalização.
Para ser plenamente ele mesmo e vivo, o Homem deve:

1) Centrar-se sobre si.
2) Descentrar-se sobre o “outro”.
3) Sobrecentrar-se sobre algo maior do que ele mesmo.

Definamos e expliquemos, um após o outro, esses três movimentos para frente, aos quais ( já que a felicidade, nós o decidimos, é um efeito do crescimento) devem necessariamente corresponder três formas do tornar-se feliz.


1) Centrar-se primeiramente.
Não só fisicamente, mas intelectual e moralmente. O homem só é Homem desde que se cultive. E não somente até a idade de 20 anos!… Para ser plenamente nós mesmos, devemos, pois trabalhar durante toda a nossa vida para organizar-nos, isto é, para trazer cada vez mais ordem, mais unidade às nossas idéias, nossos sentimentos, nossa conduta. Todo o programa, aqui, todo o interesse (mas também todo o esforço) da vida interior, com sua deriva inevitável em direção a objetivos cada vez mais espirituais, cada vez mais elevados… Cada um de nós, ao curso dessa primeira fase, tem que retomar e repetir, para sua conta pessoal, a lida geral da Vida. Ser é, primeiramente, fazer-se e se encontrar.


2) Descentrar-se em seguida.
A tentação ou ilusão elementar que ameaça, desde o seu nascimento, o centro refletido que abrigamos, cada um no fundo de nós, seria a de imaginar-se que, para crescer, importa isolar-se e perseguir, egoisticamente, em si só, o trabalho original de seu aperfeiçoamento: separar-se dos outros, ou tudo trazer para si.
Ora, não há apenas um único homem sobre a Terra. Há, ao contrário, e só pode haver uma miríade deles, ao mesmo tempo. Este fato é de uma evidência banal. E, entretanto, recolocado nas perspectivas gerais da física, toma uma importância capital, pois significa, muito simplesmente, que, por mais individualizados, por natureza, que sejam os seres pensantes, cada homem apenas representa, ainda, um átomo, ou se o preferirdes, uma molécula muito grande, com todas as outras semelhantes, num sistema corpuscular definido, do qual ele não pode escapar.
Fisicamente, biologicamente, o Homem, como tudo que existe na Natureza, é essencialmente plural. Ele corresponde a um “fenômeno de massa”. Isso quer dizer, à primeira vista, que não podemos progredir até o fim de nós mesmos, sem sair de nós mesmos, mas unindo-nos ao outro, de maneira a desenvolver por essa união, um acréscimo de consciência – de acordo com a grande Lei de Complexidade. Daí as urgências, daí o sentido profundo do amor, que, sob todas as suas formas, nos impele a associar nosso centro individual com outro centro escolhido e privilegiado, o amor, cuja função e encanto essenciais são os de nos completar.


3) Sobrecentrar-se, enfim.
E isto, se bem que menos evidente, é absolutamente necessário para se compreender. Para ser plenamente nós mesmos, dizia, nós nos achamos forçados a alargar a base do nosso ser, isto é, a juntar-nos ao “Outro”. Ora, uma vez iniciado um pequeno número de afeições privilegiadas, esse movimento de expansão não pára mais: mas nos atrai, insensivelmente, de próximo em próximo, sobre círculos de raio sempre maior. Eis o que está particularmente manifesto no Mundo de hoje. Desde sempre, talvez, o Homem, esteve vagamente consciente de pertencer a uma só grande Humanidade. Todavia, é apenas para as nossas gerações modernas que esse sentido social confuso começa a tomar sua real e completa significação.
No decorrer dos dez últimos milênios (período durante o qual a civilização bruscamente se acelerou), os homens se abandonaram, sem muito refletir, a forças múltiplas, mais profundas que toda guerra, que pouco a pouco os reaproximavam entre si.
Ora, neste momento, nossos olhos se descerram e começamos a perceber duas coisas.
A primeira é que, no modelo estreito e inextensível representado pela superfície fechada da Terra, sob a pressão de uma população e sob a ação de ligações econômicas que não deixam de multiplicar-se, nós já não formamos mais que um único corpo.
E a segunda é que, nesse próprio corpo, como conseqüência do estabelecimento gradual de um sistema uniforme e universal de indústria e de ciência, nossos pensamentos tendem, cada vez mais, a funcionar como as células de um mesmo cérebro. Isso quer dizer apenas que, se a transformação seguir sua linha natural, podemos prever o momento em que os homens saberão o que é, como por um só coração, desejar, esperar e amar, todos juntos, a mesma coisa, ao mesmo tempo…
A humanidade de amanhã, uma “super-humanidade” muito mais consciente, muito mais poderosa, muito mais unânime que a nossa, sai dos limbos do futuro, toma forma sob nossos olhos. E, simultaneamente (voltarei a este assunto), um sentimento levanta-se no fundo de nós mesmos, o de que, para chegar ao fim do que somos, não basta associarmos nossa existência com uma dezena de outras existências, escolhidas entre mil, dentre aqueles que nos rodeiam, mas é preciso fazer bloco com todas, ao mesmo tempo.

Que concluir desse duplo fenômeno, externo e internos, senão isto: o que a Vida nos pede, a fim das contas, o que devemos fazer, para ser, é incorporar-nos e subordinar-nos a uma Totalidade organizada, da qual somos cosmicamente, apenas as parcelas conscientes. Um centro de ordem superior nos espera, ele já aparece, não mais somente ao lado, mas além e acima de nós mesmos.

Logo, não mais somente desenvolver-se a si próprio, nem mesmo somente dar-se a um outro, igual a si mesmo, mas, ainda, submeter e conduzir sua vida para algo maior do que ela mesma.  Dito de outra maneira,  Ser primeiramente. Amar, em seguida, E, finalmente, Adorar. Tais são as fases naturais de nossa personalização. Três graus encadeados, como vedes, no movimento ascensional da  Vida; e, por conseqüência, também, três graus superpostos de felicidade – se a felicidade está, como já o reconhecemos, indissoluvelmente associada ao ato de ascender.


Felicidade de crescer; felicidade de amar; e felicidade de adorar. Eis em última análise, as três formas de tornar-se feliz que a teoria nos permite prever, partindo das leis da vida.
Ora, qual é, sob esse ponto de vista, o veredicto da experiência?

Tentemos um pouco comprovar com fatos, através de medidas diretas, a justeza de nossas deduções.

Felicidade de crescer, interiormente, em forças, em sensibilidade, em posse de si mesmo. Felicidade, também, de se juntarem uns aos outros, entre corpos e almas feitas para se completarem e se unirem. Sobre a pureza e a intensidade dessas primeiras formas de alegria, é inútil insistir. Todo mundo, na verdade, está de acordo para celebrá-las. Mas a felicidade de se imergir e de se perder, no futuro, em algo maior do que nós…
Não estaríamos, aqui, em plena especulação, ou pleno sonho?
Regozijar-se com aquilo que nos ultrapassa ou com aquilo que não podemos ainda nem ver, nem tocar… Quem, pois fora alguns iluminados, cuidaria de semelhante coisa, no mundo positivista e materialista em que estamos mergulhados.


Quem cuidaria disso?

Mas prestai atenção, somente um pouco naquilo que se passa em nosso redor! Há alguns meses, durante uma reunião semelhante, eu vos descrevia o caso do casal Curie, este homem e esta mulher cuja felicidade foi lançar-se em uma aventura, a descoberta do Radium, em que tinham consciência de que perder a vida era ganhá-la. Pois bem, seja mais modestamente, seja com modalidade diferente, quantos outros homens, ontem e hoje, não foram presos ou não estão ainda possuídos, até a morte, pelo Demônio da Pesquisa? Tentai contá-los.

Os do Ártico e do Antártico: Fridtjof Wedel-Jarlsberg Nansen, André, Ernest Henry Shackleton, Charcot e tantos outros.

Os da alta montanha: os alpinistas do Everest. Os dos laboratórios perigosos: mortos pelos raios ou substancias que manejavam, mortos por uma picada atômica... Os da conquista do ar: uma legião... Os da conquista do Homem pelo Homem: todos aqueles que arriscam ou efetivamente deram sua vida por uma idéia

Fazei aproximadamente a conta, a conta, repito. E, isso feito, tomai, se existem, as anotações ou as cartas deixadas por esses homens, desde os mais notáveis entre eles (aqueles de que se fala) até os mais humildes (os anônimos), tais como esses pilotos postais que, há vinte e cinco anos, traçaram, através da América, prestes a se matar, um após o outro, uma via aérea para o pensamento e as afeições humanas.
Que ledes nessas confidências? A alegria superior e profunda, uma alegria poderosa: a alegria explosiva de uma vida que achou, enfim, para expandir-se, um espaço interminável. Alegria do interminável – digo bem.
O que mina e envenena, geralmente, nossa felicidade é sentir tão próximos o fundo e o fim de tudo aquilo que nos atrai: sofrimento das separações e da deterioração, angústia do tempo que passa, terror diante da fragilidade dos bens possuídos, decepção de chegar tão depressa ao fim daquilo que somos e daquilo que amamos...

Para quem descobriu, em um Ideal ou numa Causa, o segredo de colaborar e de se identificar, de perto ou de longe, com o Universo em progresso, todas essas sombras se desvanecem. Refluindo, para dilatá-las e consolidá-las, nunca para diminuí-las ou destruí-las, sobre a alegria de ser e sobre a alegria de amar (Curie, Termier, foram admiráveis amigos, pais e esposos), a alegria de adorar comporta e conduz, em sua plenitude, uma paz maravilhosa. O objeto que a nutre é inesgotável, já que se confunde, sempre mais, com a consumação mesma do Mundo ao nosso redor. Ele escapa, por ser o que é, de toda ameaça de morte e de corrupção. Enfim, de uma maneira ou de outra, está sem cessar ao nosso alcance, já que o melhor modo que temos de atingi-lo é simplesmente fazer o melhor possível, cada um em seu lugar, o que podemos.
 A alegria do elemento tornado Consciente do Todo a que serve e no qual se acaba, a alegria experimentada pelo átomo refletido no sentido de seu papel e de sua dimensão no seio do Universo que o conduz: tal é, de direito e de fato, a forma mais alta e mais progressiva de felicidade que me seja possível propor-vos e desejar-vos.


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Cristo Cósmico em mim reverência Cristo Cósmico em Ti.

Foto Manuel Lücht
Imagem e Arte Zoia Petrow
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