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" Você esta aqui para possibilitar que o propósito divino do universo se revele.

Veja como você é importante! "

Eckhart Tolle


Arrisque... o risco é a unica maneira de você saber se está "realmente" Vivo!!!

Zoia Petrow








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movimento de transcendência...



 "O Amor é a Perfeição da Consciência" 
Tagore


por Ângela Regina Pilon Vivarelli
Psicoterapeuta

Esperança é uma palavra que ganha significado e força em situações extremas. Basta você ficar em uma situação difícil para sentir o quanto a esperança passa a estar no topo da lista de importância na sua vida. A esperança pode ser vista como um “eu espero...”, um sentimento de alguém que percebe os horizontes que se abrem através da confiança na vida e no outro.

Somente assumindo a liberdade que possuo para responder à vida, posso sentir-me suficientemente capaz de chegar a esse horizonte cheio de possibilidades. Mas não sou só eu que sou livre, você também o é. O caminho da liberdade passa pela intersubjetividade, pois, a capacidade para “esperar”, é aprendida inicialmente do contato com o que não sou eu, do sentimento de confiança que surge da comunhão amorosa mãe/bebe.

A confiança permite que no lugar de nos relacionarmos de forma que o outro seja um entrave a nossa caminhada (ou à nossa liberdade), o outro passe a ser peça fundamental na construção da esperança.

Relacionamo-nos a partir do que internamente somos. Podemos nos perceber como viajantes solitários ou peregrinos que constroem caminhos conjuntamente.   

O caminhar esperançoso exige transcendência, quando nos projetamos para o que desejamos ser, precisamos ultrapassar aquilo que somos. Essa criação é beneficiada pela presença do outro, pois ele trás, através da sua maneira única de estar no mundo, um universo diferente do nosso. 

A comunicação entre as pessoas é a ponte para chegarmos ao novo, é a ferramenta que propicia a criação mútua entre o eu e o tu.

Mas para que se estabeleça a complexidade do diálogo pleno é necessária uma vulnerabilidade mútua. Geralmente as pessoas relacionam vulnerabilidade com fraqueza. Então, o contato se torna temeroso, desconfiado, sem espontaneidade, o que pode levar ao isolamento emocional. A coragem implica em abertura. Só os corajosos conseguem sentir com sensibilidade a si mesmos e aos outros. Quando você permanece vulnerável você aprende a lidar melhor com o sofrimento no lugar de fugir dele, habilitando-se a viver de forma mais plena. Faço a ressalva que existem dois tipos de sofrimento, o inevitável e o patológico. O sofrimento patológico é o sofrimento sem sentido, aquele que causamos a nós mesmos através de idéias pré-concebidas e que, quando buscamos sua verdadeira causa, encontramos motivações inconscientes pouco razoáveis para justificá-lo.

Ao aprimorarmos nossa sensibilidade, sutilezas abrem o leque de nossas percepções e percebemos novas possibilidades no nosso encontro com o outro. Aos poucos, a experiência da vulnerabilidade trás coragem para ser mais e mais vulnerável e com isso uma inesgotável fonte de esperança passa a brotar.

Acredito que a via de aceso para o nosso peregrinar esperançoso pela vida seja um movimento de “re-conhecimento”; numa espiral ascendente onde, cada encontro autentico possibilita um auto-desvelar que permite um redirecionamento da minha caminhada e uma reestruturação do meu ser.

Precisamos ficar muito atentos para não confundir relacionamentos cheios de expectativa... com relacionamentos cheios de esperança. Normalmente quando falo em relacionamento vulnerável as pessoas pensam em relacionamentos frustrados, onde o outro tinha se tornado um objeto depositário das minhas expectativas. Só relacionamentos sujeito/sujeito são capazes de gerar esperança.

Esperança pode ser entendida, portanto como um movimento de transcendência, onde o continuo descobrimento do mundo, dos outros e de mim agrega experiências que permitem o novo e a transformação: A cada passo que dou, posso ser mais do que antes, ao compartilhar fazer e ao fazer, fazer-se. 



forjando a armadura




Ilhabela São Paulo-SP
Foto: Zoia Petrow e Manuel Lücht
Eleven Rockart







Rudolf Steiner


Tradução: Bernardo de Gregório
Música: Steve Vai _ Tender Surrender



Nego-me a me submeter ao medo
que me tira a alegria de minha liberdade,
que não me deixa arriscar nada,
que me torna pequeno e mesquinho,
que me amarra, que não me deixa ser
direto e franco, que me persegue, que ocupa
negativamente minha imaginação,
que sempre pinta visões sombrias.

No entanto não quero levantar
barricadas por medo do medo.
Eu quero viver, e não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por
ter medo se ser sincero.
Quero pisar firme porque
estou seguro e não
para encobrir meu medo.

E, quando me calo, quero
fazê-lo por amor e não por temer as
consequências de minhas palavras.

Não quero acreditar em algo
só pelo medo de não acreditar.
Naõ quero filosofar por medo
que algo possa atingir-me de perto.
Não quero dobrar-me só
porque tenho medo de não ser amável.
Naõ quero impor algo aos outros pelo medo
de que possam impor algo a mim;
por medo de errar, não quero
tornar-me inativo.

Não quero fugir de volta para
o velho, o inaceitável,
por medo de não me sentir
seguro de novo.

Não quero fazer-me de
importante porque tenho
medo de que senão poderia ser
ignorado.

Por convicção e amor, quero
fazer o que faço e deixar de
fazer o que deixo de fazer.
Do medo quero arrancar o
domínio e dá-lo ao amor.
Creio no reino que
existe em mim.







Fonte: Grupo de Estudos transição planetária Cinturão de Fotons


amar é compartilhar



Yehuda Berg
Uma vez perguntaram a um grande kabalista do século 18: “Como saber se alguém nos ama?”
Sua resposta: “Quando esse alguém conversa e compartilha com você. Proporcionalmente a quanto a pessoa compartilha, esse é o tanto que ela nos ama.”
Em outras palavras, existe uma correlação direta entre quanto compartilhamos e o amor que sentimos dentro de nós.
Se existem pessoas em sua vida que são importantes para você, não assuma que elas sabem disso. Temos que ter certeza de que quando elas realmente necessitem de nós, estaremos ao seu lado. Não podemos estar com todo mundo,o tempo todo, vinte e quatro horas por dia. Mas temos que pedir ao Criador para assegurar que estejamos disponíveis nos momentos em que realmente essas pessoas precisem de nós, nas melhores ou nas piores situações.
Vocês sabem como é frustrante quando realmente precisamos de alguém especial com quem compartilhar e escutamos a secretária eletrônica. E vocês também sabem como é bom quando ligam e a pessoa atende. Ela está ali para lhe ouvir. Ela escuta e permite que você seja franco, sem fazer qualquer tipo de julgamento. Seu coração está aberto para você, não importa o que aconteça.
Queremos ser capazes de transmitir esse sentimento para os outros tanto quanto possível. E por haver momentos em que verdadeiramente não poderemos estar disponíveis, temos que ter certeza de que estaremos presentes e abertos nas outras ocasiões.
Esse é o mínimo que gostaríamos de ter para nós mesmos.
Quando precisamos de alguém, queremos que essa pessoa esteja disponível. Quanto mais ela estiver presente, mais saberemos que estamos próximos um do outro. Quanto mais amamos alguém, mais compartilhamos com essa pessoa. Tão simples quanto isso.
Logo, a chamada para ação é: esteja presente nos momentos importantes das pessoas que são importantes para você.


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monólogo do todo...

Imagem Leah Mc Neir_fractais


"Céu, ar e ventos" 
Pierre Ronsard

(Tradução de Fernando Torquato Oliveira)
 
Céu, ar e ventos, píncaros dispersos,
colinas e florestas verdejantes,
 rios sinuosos, fontes borbulhantes,
campos ceifados, bosques tão diversos,
 
  semi-abertos covis, antros imersos,
 pastagens, flores, ervas rastejantes,
 vales longínquos, praias coruscantes,
 e vós, rochedos, que guardais meus versos,
 
desde que partirei, mas sem dizer
adeus ao seu olhar, para esconder
 esta emoção que nunca terá fim;
 
eu vos suplico, céu, ventos e montes,
 pastagens e florestas, rios, fontes,
antros, flores: - dizei-lhe adeus por mim!



primeiro ato


O que há de mais estranho comigo é eu não saber por que existo. Descobrir como existo já não é fácil. Alguns chegam a perguntar-se se existo. Tão evidentes, tão simples, os homens e o Ser são cheios de mistérios. E eu também.

Os homens existem. Ninguém dúvida. É muito difícil dizer desde quando existem. Existiam ontem, anteontem, no século passado, no tempo de Ronsard ou no de Horácio, no tempo da guerra do fogo e das primeiras sepulturas. Há dez milhões de anos ainda não existiam. Começaram a existir há algo em torno de dois, três, quatro milhões de anos, e é precisamente em torno dessa época que é muito difícil decidir quando já existiam e quando não existiam ainda. Será que passaram a existir por obra e graça do Espirito Santo, ou será que criaturas que não eram homens se prepararam, muito lentamente, para transformar-se em homens? Não se sabe. Pode-se acreditar em qualquer coisa. Como seja, havia homens ontem e haverá amanhã -- até quando eles não sabem: sabem uma porção de coisas, mas não sabem quando começaram nem como terminarão -- e há hoje. E, hoje ao menos, eles distinguem-se sem muita dificuldade do que não é homem.

O Ser é mais difícil. Não é possível dizer que ele existe como existe uma pedra, uma borboleta, uma cor ou como um homem. O Ser É. E ponto. Dele não se pode dizer muita coisa. dele não se pode falar. dele não se pode dizer absolutamente nada. Salvo que existe: é de todo preciso que ele exista para que haja algo em lugar do nada. O Ser existe porque há o tempo, o espaço, a matéria, a vida, o pensamento, e um tudo que é o todo.

O mais simples, aparentemente, sou eu. O todo. Menos simples, entretanto, que à primeira vista. Será que existe algo que se possa chamar o todo, cuja história um apaixonado qualquer possa tentar escrever?





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Monólogo do Homem ...


Primeiro é preciso conhecer o Homem... sua história... sua origem .. seus feitos ... e após uma profunda reflexão, abandonar todo conhecimento e ai sim... quem sabe... Ser.

Zoia Petrow

primeiro ato
Sou homem e me vanglorio disso o tempo todo. 
Estou muito satisfeito comigo. 
Admiro-me.
Olho tudo o mais com um "Q" de desprezo. 
Os bezerros, as formigas, as faias purpúreas, as solindras, os cogumelos, o musgo, o xisto, os quasares - sua sorte concerne-me, mas talvez de certa distância. 
Hummm Não são da família. 
Segundo um chavão que emprego naturalmente e se pode encontrar um pouco por toda a parte de minhas obras imortais, que por certo um dia hão de morrer, eles não tem alma nem consciência. 
Mesmo a família, dela desconfio e amiúde... a detesto. 
Em primeiro lugar eu, depois os outros homens.
Na melhor das hipóteses: os outros homens. 
Na pior: massacro-os. 
O que verdadeiramente me interessa sou Eu. 
Sou apenas para mim não so o centro do universo como o universo inteiro.


Monólogo do Homem II...

fotoart eleven rockart by Zoia Petrow & Manu Lücht
Segundo ato

Corro o dia todo. Ainda que imóvel, corro. Corro através do tempo pela lembrança e pelo projeto. Corro através do espaço pela imaginação. Rio, jogo, aprendo, passeio, comando, mexo em tudo, canto. A vida é bela. E triste. Inventei o dinheiro, a guerra, o correio, a nação, a revolução, o clero, as regras de protocolo, as farsas, e as armadilhas. Posso falar por toda uma vida de cada uma dessas rubricas, bem como de qualquer coisa inventada por mim: os duques e pares, a Bolsa, os mísseis Sam e Exocet, o materialismo histórico e a dialética da natureza, as greves, os estribilhos.

Há o sexo. Ele me ocupa além do que se possa imaginar. E, quando finjo não estar pensando nele, e assumo ar altivo e como ausente, ele cava no mais profundo de mim suas galerias e minas, de onde pode jorrar qualquer coisa. Explico-me de todo pelo sexo, assim como me explico de todo pela história. Ou pelo pensamento. Ou por D'eus. Ou pelo dinheiro. Ou pelo poder. Ou pela necessidade, mesclada com um pouco de acaso. Uma das minhas ocupações favoritas é, há muito tempo, explicar-me por sistemas diversos, cada um dos quais exclui os outros. Tento intervir no todo para que ele me seja favorável. E faço o que posso para tentar compreende-lo. E duma só cajada compreender-me. 

Faço coisas imensas. E coisas minúsculas. Assoo-me, espirro, ponho um pé na frente do outro para andar na rua, como caranguelo e couve-flor, fumo, leio jornal, desencadeio às ocultas, em certa manhã de primavera, no dia do solstício de verão ou numa noite de dezembro, massacres em série, pinto incansavelmente, com nome de Ticiano, de Veronese ou de Tintoreto, escrevo a Ilíada ou pequenas coisas anônimas, de origem misteriosa e autores desconhecidos.



o universo torce por você...


Sempre vale a pena o esforço


por Yehuda Berg

Você deve ter notado que hoje em dia as pessoas ou estão no caminho da transformação – olhando para dentro e para fora, participando para fazer do mundo um lugar melhor – ou estão bem distantes da ideia de que existe um sistema espiritual, acreditando que a vida seja aleatória, que não haja esperança, pensando: “Por que não viver simplesmente o prazer do momento e mandar a cautela às favas?”. 

Através dos tempos, muitos mestres espirituais de grande estatura predisseram a dinâmica do nosso tempo: uma abundância de sabedoria e uma barragem de ignorância; desastres trágicos, tanto naturais, quanto causados pelo homem, juntamente com avanços na ciência, medicina e tecnologia. Existe um excesso de informação que podemos acessar a qualquer momento, se buscarmos iluminação.

Uma coisa é clara: a escolha é nossa.

Ao escolher ter consciência sobre nossas ações, não só podemos alcançar grandes feitos, como também tomar decisões que nos afastem do mal, bem longe do tumulto constante que nos cerca. Só porque não acreditamos na lei da gravidade, isso não significa que estejamos imunes a ela. Da mesma forma, só porque você não conhece as leis do universo, isso não significa que não esteja sujeito às suas consequências. As pessoas que não estão familiarizadas com os princípios universais, tais como o de causa e efeito, podem se deparar com situações difíceis, resultantes de ações passadas. E assim, ignorando essa lei, elas podem achar que o mundo esteja conspirando contra elas. Compreensivelmente, elas estão trabalhando contra um sistema ao invés de trabalhar com ele. 

Até mesmo aqueles de nós que estão no caminho há algum tempo têm momentos em que se questionam se vale a pena o esforço.

Esta semana se lembre de resultados positivos poderosos que tenha vivido no passado. SEMPRE VALE A PENA O ESFORÇO. Volte ao jogo. O universo quer torcer por você.

72 Nomes  de Deus - semana de 07 a 13 de novembro



VAV  -  CHED  -  YUD

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33. Revelando o lado escuro


encontros com Ser...






Monólogo do Ser II ...


Segundo e último ato

Tudo quanto existe só existe graças a mim.
Sustento ininteruptamente o espaço, e o tempo, e o todo, e os homens.

Há o todo porque há o Ser.
Há o tempo porque há o Ser.
Há os homens porque há o Ser.

Amo-as, minhas pobres crianças, admiro-as e amo, com sua grandeza impotente e seu desespero, e tenho penas de vocês, que foram  arrancadas do nada para serem lançadas nesse tudo que é o todo.

Um todo surgido do Ser, um todo que vocês desconhecem e, apesar de tanto orgulho e de tantos esforços inúteis, jamais deixarão de 
requestar e desconhecer.

Pois sobre quase tudo, pobres, pobres crianças, pobres gênios imbecis, vocês não sabem nada. E sobre o Tudo, assim como sobre o Ser, não  sabem absolutamente nada.


consciência do Ser...


A Fé consciente é Liberdade
A fé emocional é escravidão
A fé mecânica é estupidez

A Esperança inquebrantável é força
A esperança mesclada de dúvida é covardia
A esperança de temor é fraqueza

O Amor Consciente desperta o mesmo em resposta.
O amor emocional provoca o contrário.
O amor fisíco depende do tipo e da polaridade.

George Gurdjieff







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Monólogo do Ser






 Primeiro ato


Eu sou o ser.
Eu sou,
Sou o que É.
O todo, que é tudo, não É.
Ele existe.
Vem a Ser.
Nasce.
Transforma-se.
E terminará por terminar.
tudo termina.
O Sol, e a Terra, e a Lua, e todas as galáxias de que vocês encheram a boca para falar, as quais também terminarão.
Assim como terminarão os homens e os que lhes sucederão.

Eu não terminarei.

Eu sou o Ser.

Eu Era e Serei.

Eu Sou.





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a beleza da individualidade humana...

copyright_ElevenRockart_Foto Manu Lücht _ Digital Art Zoia Petrow - all rights reserved


a individualidade humana


Rudolf Steiner 
im filosofia da liberdade


Os filósofos acreditam que o problema principal em relação às representações mentais reside no ato de que nós não somos idênticos com os objetos exteriores, e que ainda assim as nossas representações devem ter um aspecto correspondente a eles. Olhando mais de perto, porém, fica evidente que essa dificuldade, em verdade, não existe. Com efeito, não somos as coisas externas, mas pertencemos, juntamente com elas, ao mesmo mundo: o meu sujeito é uma parte do mundo e é permeado por seu constante devir. Para o meu perceber, estou inicialmente confinado aos limites da derme do meu corpo, mas o que está dentro dessa derme pertence ao universo como um todo.
Para que exista uma relação entre o meu organismo e um objeto fora dele, não é necessário que alguma parte do objeto me penetre e cause uma impressão em minha mente, como um sinete na cera. A pergunta como obtenho informações sobre a árvore que se encontra a dez passos de distância? é totalmente mal colocada. Ela provém da opinião de que os meus limites corpóreos constituem uma cisão absoluta e que as notícias sobre as coisas precisam atravessar essa fronteira e migrar para dentro de mim. As forças que atuam dentro da minha derme corpórea são as mesmas que existem fora. Portanto, sou realmente as coisas, porém não eu enquanto sujeito da percepção, mas eu enquanto parte do devir geral do mundo. a percepção da árvore e o meu eu pertencem ao mesmo todo. esse devir geral do mundo suscita lá a percepção da árvore e aqui a percepção do meu eu. Se eu não fosse cognitor do mundo e sim o seu criador, então objeto e sujeito (percepção e eu) surgiriam no mesmo ato, visto que se condicionam mutuamente. Como cognitor do mundo, só posso encontrar o elo entre essas partes através do pensar, que as correlaciona por meio do conceito.
A dificuldade maior será eliminar as chamadas provas fisiológicas da subjetividade da percepção. Quando exerço uma pressão sobre a derme do meu corpo, então a percebo como sensaçao de pressão (tato). A mesma pressão posso perceber através do olho como luz, através do ouvido como tom. Um choque elétrico percebo mediante o olho como luz, pelo ouvido como tom, através dos nervos da pele como impacto e através do órgão de olfato como cheiro de fósforo. o que segue desse fato? só isso: percebo um choque elétrico (e respectivamente uma pressão) e em seguida uma qualidade luminosa ou um tom ou também um certo cheiro, etc. Sem a existência do olho, não se juntaria à percepção do impacto mecânico no ambiente a percepção de uma qualidade luminosa; sem a presença de um órgão auditivo, a percepção auditiva, etc. 
Com que direito se pode afirmar que sem órgão perceptivo todo o processo não existiria? Quem deduz, do fato de que um processo elétrico evoca luz no olho, que a luz é apenas um processo mecânico de movimento fora do nosso organismo, esquece que somente está passando de uma percepção para outra e de jeito nenhum está passando para algo fora do âmbito da percepção. Da mesma maneira como se pode dizer: o olho percebe um processo mecânico em seu ambiente como luz, assim também se pode afirmar: uma modificação ordenada de um objeto é percebida por nós como processo de movimento. Se eu pintar num disco doze vezes um cavalo nas diferentes posições que seu corpo adota quando está a galope, então poderei suscitar, através da rotação do disco, a ilusão de movimento. Apenas preciso olhar através de um orifício as diferentes posições do cavalo, respeitando os respectivos intervalos. Não vejo doze imagens do cavalo, e sim a imagem do cavalo galopando.
O mencionado fato fisiológico não pode, portanto, esclarecer a relação entre percepção e representação. Precisamos nos orientar de outra maneira. No momento em que surge uma percepção no horizonte da observação, aciona-se através de mim também o pensar. Um membro do meu sistema de pensamentos, uma determinada intuição, um conceito associa-se à percepção. Quando a percepção mais tarde desaparece do horizonte da minha vista, o que sobra? Minha intuição associada às percepções dadas pelo meu ato de perceber.
O grau de vivacidade com que conseguirei mais tarde tornar presente de novo essa relação, depende da maneira como funciona minha organização mental e corporal. A representação, contudo, nada mais é senão uma intuição relacionada a uma determinada percepção, ou seja, um conceito, que já esteve ligado a uma percepção e que depois conservou tal relação. Meu conceito de leão não tem a sua origem nas percepções de leões. Mas certamente minha representação mental do leão é formada com base na percepção. Posso ensinar, a alguém que nunca viu um leão, o conceito de leão. Ensinar-lhe uma representação viva não conseguirei sem que recorra à sua própria percepção.
A representação mental é, portanto, um conceito individualizado. E assim se nos torna compreensível por que as coisas reais podem ser representadas através de representações. A realidade completa de uma coisa resulta para nós da confluência de conceito e percepção no momento da observação. O conceito universal adquire, no contato com a percepção, uma forma individual, uma referência a uma percepção particular. nessa forma individual, que conserva em si a referência à percepção como peculiaridade, ele passa a viver em nós, constituindo a representação do objeto observado. quando nos deparamos com outro objeto similar, então o identificamos como pertencente ao mesmo gênero; e, quando observamos o mesmo objeto de novo, não encontramos apenas em nosso sistema conceitual o conceito universal correspondente, mas o conceito individualizado com uma referência específica ao mesmo objeto, isto é, a sua representação e, por isso, conseguimos reconhecer o objeto.
A representação mental se situa, portanto, entre percepção e conceito. ela é o conceito com uma determinada referência àpercepção. À soma daquilo sobre o qual posso formar representações posso chamar de minha experiência. terá uma experiência mais rica aquele que dispuser de um número maior de conceitos individualizados.
Uma pessoa sem qualquer faculdade de intuicão conceitual não é capaz de adquirir experiência. Perde os objetos do seu horizonte, dado à falta de conceitos para estruturar os objetos. Uma pessoa com capacidade de pensar bem desenvolvida mas dotada de uma capacidade perceptiva atrofiada, em virtude da falta de sensibilidade, tampouco poderá se tornar experiente. Ela adquirirá de uma ou outra maneira conceitos, mas estes carecerão de vivacidade por falta do contato com percepções concretas. Tanto o viajante distraído quanto o erudito mergulhado em sistemas abstratos de pensamentos são incapazes de adquirir uma rica experiência. A realidade se nos revela por meio da percepção e do conceito. A manifestação da realidade no sujeito é a representação mental.
Se a personalidade humana se articulasse apenas na dimensão cognitiva, então tudo que nos é objetivamente dado se resolveria em percepção, conceito e representação mental. Não nos basta, porém, relacionar percepções e conceitos por meio do pensar. Relacionamos o que percebemos também ao nosso sujeito particular, ao nosso eu individual. A expressão dessa referência individual é o sentimento, que se manifesta como prazer e desprazer.
Pensar e sentir correspondem à natureza duálica de nossa entidade, já mencionada anteriormente. O pensar é o elemento através do qual participamos do universo geral; o sentir é o meio pelo qual nos retraímos em nosso mundo próprio. Nosso pensar nos une ao mundo, nosso sentir nos reconduz a nós próprios, fazendo de nós um ser individual.
Se fôssemos apenas seres pensantes e dotados de percepção, a nossa vida transcorreria numa indiferença total. Se apenas nos reconhecessemos como eu, nosso eu nos seria completamente indiferente. Apenas porque, além de reconhecer a nós mesmos, sentimos também o nosso ser, somos entes individuais, cuja existência não se esgota em estabelecer relações conceituais entre as coisas, mas possui também um valor particular em si mesma.
Alguém poderia achar que o sentimento é um elemento mais rico e saturado de realidade que a abordagem pensante das coisas. É preciso replicar, no entanto, que o sentimento tem essa riqueza maior só para o meu indivíduo. Dentro do universo como um todo, o meu sentimento somente terá valor quando o que dele percebo na autopercepção, é integrado mediante um conceito ao cosmo.
Nossa vida é uma constante oscilação entre a convivência com o devir universal e o nosso ser individual. Quanto mais ascendemos à natureza universal do pensar, em que o que é individual só interessa como exemplo do conceito geral, tanto mais se perde em nós o caráter do ser especial, da personalidade determinada e particular. E quanto mais descemos às profundezas de nossa vida pessoal, vibrando em sentimentos com as coisas externas, tanto mais nos separamos do ser universal.
Uma verdadeira individualidade será aquela que com seus sentimentos se elevará o máximo possível à região das idéias. Existem pessoas cujas idéias mais gerais ainda apresentam aquele timbre especial que mostra que são a expressão de uma personalidade. Existem outras cujos conceitos são tão desprovidos de um timbre peculiar, que parecem ser de alguém sem vida própria.

O representar já confere à nossa vida conceitual um cunho individual. Cada pessoa tem o seu ponto de vista a partir do qual contempla o mundo.  As suas percepções se associam seus conceitos. Pensará de uma maneira particular os conceitos universais. Essa especificação do nosso ser é o resultado de nossa localização na vida, a saber, do horizonte de percepção que o lugar no qual vivemos nos oferece. A essa especificação se junta uma outra, dependente de nossa organização particular. Nossa organização é, com efeito, uma singularidade especial e bem determinada. cada pessoa relaciona sentimentos, diferentes em qualidade e intensidade, com as suas percepções.  Eis o fator individual da nossa personalidade particular. É o que sobra após termos contabilizado todas as determinações do palco de nossa vida. Uma vida sentimental esvaziada de pensamentos perderia aos poucos toda a relação com o mundo. O desenvolvimento da vida cognitiva ocorrerá no homem em busca da personalidade equilibrada, juntamente com a formação e o desenvolvimento da vida dos sentimentos. O sentimento é o meio pelo qual o conceito obtém inicialmente vida concreta.

 


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Cristo Cósmico em mim reverência Cristo Cósmico em Ti.

Foto Manuel Lücht
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